quinta-feira, 28 de março de 2024

Vooando

Na janela havia uma cortina com blackout devidamente fechada e um ar frio. Luci dormira por cima de um livro e esqueceu até o abajur aceso. De repente, ao se mexer, acorda. Suas costas doem muito e ela não acha bem uma posição então vira de bruços. Que alívio... Parece liberta. Alonga o braço pra o lado, apaga a luz do abajur e volta a dormir. 

Depois de horas decidiu se levantar. Se espreguiça de frente pra o espelho com o corpo pesado e asas! Ela ver asas! Fica atordoada, assustada olhando fixo pra o espelho. Depois esfrega seus olhos, procura o celular, ver a hora e se belisca. Apaga e acende a luz. Não... Ela não está dormindo! Como isso é possível? Asas de borboleta! Isso explicaria as dores nas costas. O que ela veste tendo asas? Cogumelo! Fumou antes de dormir... Então, bem, isso não pode ser real. Mas e se for? "São bonitas. Eu poderia tentar voar!" 

Nesse momento ela veste uma roupa e por cima de um top joga um casaco. Desce no prédio e vai andando pelas ruas; percebe que o sol mal clareou, não tem ninguém a vista. "E se eu tentar?" Tira o casaco, se sacode como se isso ajudasse a abrir as asas e corre abrindo os braços. Sente planar! Que sensação maravilhosa. 

- Agora que aprendi a planar é hora de voar mais alto! 

E ela bate as asas só em pensar que precisa bater então voa muito mais alto! É uma sensação de liberdade incrível com uma altura assustadora. A medida que pensa e se descobre, ela voa diferente. Segura de si, já nem tem mais medo de altura. Ela tem a sensação de que as asas só precisavam de um tempo pra se formarem, mas é a essência de Luci. Faz parte dela! E como é encantador voar! Em algum momento ela passa por tipos de árvores e enxerga as casas de cima que mais parecem maquetes; passa por outros animais e eles nem olham ela diferente... Nessa hora ela entende e exclama: "Eu também sou bicho!" Depois de um longo voo pela cidade ela decide pousar, voltar e faz isso perfeitamente e sorrindo. Entra pela janela do quarto e se debruça na cama contente. Mas sua prima bate na porta,, então se levanta de repente, destranca a porta e fica sentada na cama. A prima entra e diz: - Bom dia! Já estava preocupada, a tempos que batia na porta. A gente vai se atrasar pra ir a faculdade! Que cara é essa? Parece que teve um sono bom, hein? Tá com a cara boa. Mas se apresse, vou terminar de preparar nosso café. 

Luci sorri e diz que já vai descer. Enquanto a prima desce as escadas ela olha no espelho e ver que as suas asas não estão ali. Só  marcas nas costas como se estivessem guardadas. Então ela tenta encontrá-las: "Ativar asas!" e elas surgem lentamente se abrindo como uma flor desabrochando. A medida que as asas vão se abrindo vai surgindo um grande sorriso  em seu também. Maravilhada. "Vocês estão aí. Sim! Vocês aparecem quando são bem vindas. Quando eu decidir usar... Que bom. Que bom vocês existirem em mim. Usarei vocês mais vezes! Obrigada por aparecem no meu aniversário."

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